Crítica: Pare, Senão Mamãe Atira!


Sylvester Stallone era um cara durão. Dono de dois dos maiores personagens da história do cinema, a boca torta mais famosa da sétima arte eternizou e alimentou a marca de um verdadeiro brucutu. Nessas épocas de filmes sérios, de personagens muito bem construídos como Rambo e Rocky, Stallone abriu espaço para uma sátira dele mesmo. Um cara tão metido a machão e tão rotulado como ele, certamente encontraria dificuldade em atuar num gênero tão antagônico àquele que costumava desfilar. Mas, como exceção à regra, Stallone estrela uma comédia ímpar, onde o principal foco é ser somente Sylvester Stallone.

Em Pare, Senão Mamãe Atira! (Stop! Or My Mom Will Shoot, 1992), Rambo Joe Bomowski é um policial durão, atende suas ocorrências, flerta sua chefe e mora sozinho, vive isoladamente ao seu modo. Até o dia em que sua mãe decide visitá-lo, vinda de outra cidade. O terreno da história é só isso. E não precisava mais do que isso mesmo. Essa ideia de ir de encontro à imagem que o ator deixou pelos filmes antecessores é uma grande sacada. Com isso, Stallone ainda tem o privilégio de atuar numa comédia onde nem precisa ser engraçado, basta ser ele mesmo. As situações são engraçadas por si só, e funcionam somente com a presença de sua mãe tentando o defender.

As mães são mesmo todas iguais bem parecidas, bondosas, carinhosas, mimosas e com um potencial incrível para provocar as situações mais vergonhosas de um filho que acha que já pode se virar sozinho. Pois se nem o Rambo Stallone consegue, porque você conseguiria? Elas são capazes de levá-lo ou buscá-lo na festa mais esperada da turma da escola (né, comédias oitentistas?). Toda essa história de mãe mimimi é muito bem representada nesse filme que quase ninguém sabe que existe. 

Tente imaginar John Rambo fora da selva ou Rocky Balboa fora dos ringues, ou mesmo vê-los em casa, sendo cuidado pela mamãe, que o compra cereais, faz um grande café da manhã e canta uma canção de ninar. Tutti Bumowski (Estelle Getty) faz todas essas mãezisses e um pouco mais. As situações tornam-se  hilárias quando ela interfere no trabalho de seu filho, ajudando-o a atender ocorrências, ou mesmo dirigindo no melhor estilo Bullit!



Talvez o que tenha faltado nessa boa comédia seja um tom um pouco mais interessado em tirar onda com a história do próprio Stallone, já que não se trata somente de um policial, e sim de quem é esse policial. Sobrou até uma pontinha para Exterminador do Futuro, com um "I'll be back", e assim a gente percebe que uma oportunidade foi desperdiçada. Mas nada que comprometa o longa, que é leve, despretensioso e com grande poder cômico, ainda que enraizado às comédias oitentistas, em pleno início dos anos 90. O que vale citar é uma cena em que Joe é salvo pela sua mãe, onde quem interpreta comicamente a cena não é o citado Joe, mas sim os personagens antigos do ator, e ver esse monte de músculos falando a frase que dá nome ao filme, não tem preço. E isso não teria nenhuma graça se não fossem as referências.

No fim, é uma grande diversão. Talvez a oportunidade de ver Stallone atuando em outro campo, num ar diferente daquele que o consagrou, mesmo que seja interpretando ele mesmo. Pra quem aprecia os filmes do ator, é uma oportunidade de curtir uma comédia que não quer nada mais que propor algumas risadas e tirar uma ondinha com a filmografia de Stallone.




 

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