Crítica: Paul


Paul (Paul, 2011) é uma agradável surpresa. O longa surpreende numa constante e inalterada qualidade que cativa e prende o espectador do início ao fim. Curiosamente, podemos considerar que a baixa expectativa pelo seu resultado deve ser responsável por boa parte da aceitação do público. Ao seu término, Paul certamente não deve agradar à massa, ser uma unanimidade ou, nem mesmo, um novo hiper-sucesso. Porém, sua qualidade visível deve receber os devidos méritos.

Centrado em alguns gêneros, o longa segue direcionando seu foco com grande carga de comédia. É nela que concentram-se os melhores momentos do longa. Além do humor, há uma pitada de ficção científica e uma direção mais concentrada à ação nos minutos finais. Ciente de suas limitações, Paul sobressai-se na narrativa simples, de extrema fácil compreensão, resultando num trabalho bem degustável. Mas a idade de seu público é bem definida, já que há algumas cenas de humor muito específicas, com sacadas e sátiras voltadas exclusivamente para o mundo jovem.

A existência do ser alienígena como protagonista (ou, ao menos, personagem central), certamente, é o que pode causar mais incômodo. O trabalho de animação e arte realizado no personagem Paul demonstra características não atuais, parece um trabalho de, no máximo, anos 2000. Contudo, a produção em geral do longa não deixa em nada a desejar. Aliás, considera-se como outra surpresa, pois denota um investimento e uma aposta alta de que o trabalho desse retorno. Cenas de explosão, por exemplo, resumem-se em agradável qualidade. Outro fator negativo caracteriza-se na atuação de Simon Pegg e Nick Frost, pois em nenhum momento agregam humor às cenas que, por si só, já caracterizam-se engraçadas.

Mas Paul não parece mesmo disposto à ser politicamente correto e animado à agradar à todos. É um ser descontraído e engraçado, que carrega em sátiras comparativas ao que já sabemos (ou não) sobre alienígenas. As situações controversas, neste sentido, dão um humor diferente, mais espontâneo, e, em alguns momentos, bem inesperado. Uma situação que seria bem descartável são os repetidos desmaios a que os personagens respondem quando percebem o extra-terrestre. Para um filme de comédia com a intenção de um humor mais verdadeiro, obviamente as repetidas cenas são incômodas. No resto, o longa garante  sua qualidade.



Outra característica interessante do longa é compará-lo, devido à semelhança, com algumas outras boas comédias recentes. Para quem apreciou filmes como Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead, 2004), Chumbo Grosso (Hot Fuzz, 2007) e Zumbilândia (Zombieland, 2009), Paul pode ser o caminho para mais uma grata sessão. Com um humor displicente e com boas sátiras, a ligação com a "realidade" fornece inúmeras cenas interessantes. O seu direcionamento ao público jovem, como já mencionado, é explícito, haja vista a trama em que ele está centrado. Graemme Willy e Clive Gollings são dois nerds ingleses, vão ao evento da Comic-Con e, ocasionalmente, encontram o alienígena numa auto-estrada. Resolvem levar o ser extra-terrestre consigo e fugindo da polícia, que os procura. Dessa forma, o filme pega a estrada para conduzir praticamente todos os seus momentos no furgão dos jovens nerds.

Acerta quem imagina que o filme é "tolo", afinal, não é nenhum humor profundo, mas engana-se quem o considera descartável. Paul é um filme capaz de fazer seu público desconsiderar seus defeitos e apegar-se muito mais à suas virtudes, conquista facilmente cada expectador, e mostra-se disposto à apresentar um humor de qualidade. Assim, a expectativa facilmente se inverte, tornando-se esperança de se apreciar boas cenas ao decorrer do filme.


Destaque sonoro:




 

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